quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O vestido - Carlos Herculano Lopes

Alguns dias antes do Réveillon, na cidade de Serra dourada em Minas Gerais. Uma nova residente, proveniente de Belo Horizonte. Cabelos curtos, corpo invejoso, roupas escandalosas...  Era como se apresentava Bárbara uma bela mulher, que despertava o coração de qualquer homem naquela cidade.

O vestido é um livro empolgante baseado no Poema “Caso do vestido” com 150 versos apenas, de Carlos Drummond de Andrade. Com base no poema, Carlos Herculano Lopes compôs uma história cativante, em que até onde o amor pode nos levar. É um relato de um acontecido, em que o eu - lírico narra toda uma história, enfatizando seus argumentos. Ao leitor temos aquela impressão, de que somos aquele que o eu - lírico se dirige. Tornando todo o roteiro interessante.

Ângela também se espantou com aquela mulher, ousada a vestir calças nos anos 50. Tinha duas filhas e vivia com o seu marido, em uma fazenda ainda com dívidas  de Fausto, um amigo de seu marido que morava na localidade, o mesmo que trouxe aquela “Dona de longe”. Com sua presença até que a cidade estava mais empolgante, cantava em cabarés e tinha uma lábia de persuasão. Encantava a todos que conhecia, sempre com batons vermelhos em sua boca.
Com o tempo passou a ser amiga de Ângela ia a sua casa. Até lhe deu um vestido de presente achando que aquele que seu marido lhe dera era muito decotado para uma mulher de família, um vestido rendado “de colo mui devassado”, Bárbara agradeceu-a, dizendo que ela era uma grande amiga, e a tê-la dado um presente que seu marido a deu, era uma honra recebê-lo. Viviam juntas, passeavam. Tia Zilá, parente de Ângela não gostava do que via e alertava a mesma, que estava sendo uma boba. Se não tivesse cuidado aquela mulher, tomaria conta de seu marido em baixo do seu nariz e ela nem daria conta disso. Ângela não acreditava, achava que era cisma da tia. Até no Réveillon, tudo estava prestes a desabar em uma comemoração de Fim de ano, em pleno ano novo de 1950. Ângela não acreditava no que via na bela comemoração em referta frente de todos; aquela “dona de longe”, dançava com seu marido, com o vestido “de colo mui devassado”, audaciava beijá-lo. Ali, no baile em que todos olhavam, ela não aguentou suplicava se retirar para fora do recinto, ele Ulisses, seu marido, tentava acalmá-la, mas ela conseguiu sair de suas garras. Ficou muito doente depois daquilo, passou mal teve febre e outras enfermidades, depois de um bom tempo soube a notícia bombástica, seu marido tinha ido foi se embora a deixando sozinha com as suas duas filhas pequenas, com Bárbara. Neste período de desilusão e tristeza, Ângela arrumava uma desculpa para suas filhas que seu ai estava em uma longa viagem e não sabia quando retornaria. Indefesa, ao receber aqueles “elogios” de Fausto, o amigo do seu pai que foi embora ainda lhe devendo. Era assediava Fausto sempre demonstrou loucamente o amor que sentia por Ângela mas nunca conseguiu e nem conseguira nada com ela. Apesar de tudo ela acreditava que deveria ser fiel ao marido, costumes da época. Viajou foi para casa de parentes e assim se passava quatro anos. Bárbara e Ulisses nesta época o amor não tinha florido, ela engordou e no iniciou ficou grávida, mas perdeu a criança. Até que um dia o seu marido saiu em busca de novos ares, e no meio de uma conversa em Belo Horizonte em busca de autorização para exploração de um mineiro, em que o mesmo explorava neste período que estava com Bárbara e que fora pedir ao mesmo a um amigo de outrora  nos tempos de criança. Encontrou muitos outros; um deles conversando veio a história que conhecia Fausto e que lembrava que armara para Ulisses, Ulisses indignado na compreendeu o que escutava, o amigo acrescentou que Fausto tinha contratado uma mulher, tal de Bárbara que não fazia nenhuma fama ali em BH, era ignorada por todos. Mas que fora levada por Fausto para enganá-lo e roubar-lhe de sua mulher, tendo espaço livre para conquistar Ângela. Fausto desnorteado com a declaração não acreditava no que ouvia, indignado expulsou Bárbara da casa onde moravam, ela o suplicou, mas não conseguiu nada, mendigava pelas ruas. Ulisses ficou rico com tudo o que tinha conseguido no minério. Arrependido voltou para Serra dourada com poucas esperanças temendo o usurpador do Fausto, que poderia ter levado “sua mulher”. Naquele tempo do mesmo modo Bárbara se lembrava da criança que poderia ter tido e de uma vidente que tinha lhe dito essa historia do seu filho. Procurou-a novamente, esta lhe disse que deveria procurar a dona daquele vestido, que roubou o marido. Bárbara ficou preocupada temendo a reação de Ângela, mas mesmo assim concordou e foi a sua procura. Quando Ângela a viu não acreditou, o que aquela mulher poderia está fazendo ali... Bárbara pediu lhe desculpas, pedia, suplicava, que a perdoasse. Contou-lhe tudo que aconteceu. Que para lava-lhe o coração dos seus pecados era o perdão de Ângela, esta pasma não sabia se aquilo realmente acontecia. Por fim recebeu o vestido, o sinal de todo o acontecido. Partindo. Para sua surpresa depois daquela presença inusitada de Bárbara a campainha novamente tocava,  era Ulisses, bem vestido e formoso, com muito dinheiro que tinha ganhado com o garimpo, entrou naca como de costume não falou nada sobre a “Dona de longe”. Indiferente da época é óbvio que Ângela aceitou          aquilo tudo, apenas sentou-se nem percebeu o vestido que ela carregava. Abraçou as crianças e puxou Ângela também para junto e ali permaneceu...

E é assim que termina está surpreendente história, contada de Ângela para suas duas filhas, que deu origem também ao filme de Paulo Thiago, tenho muita curiosidade de assistir quando tiver oportunidade... E foi no dia 15, terça-feira, dia da proclamação da república (feriado: D) que iniciei e terminei de digitalizar o livro que já tinha lido há uma semana e um dia; ETEPAM não deixa... kkk.                

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